sexta-feira, 23 de abril de 2010

Preguiça


Minha descoberta da semana é a “preguiça”, um dos 7 pecado capitais. Você pode chamar a preguiça de “comportamento disfuncional”, na minha cosmovisão este comportamento é “pecado”. Geralmente falamos da preguiça pensando nas pequenas coisas que deixamos de fazer no dia a dia, pensamos na protelação ou naquele que dorme mais horas do que achamos que deveria, mas “preguiça”é mais, muito mais que isto. Há conseqüências para o preguiçoso. Pior, é que as conseqüências também caem sobre os que com ele se relacionam.

Preguiça é um pecado de omissão. A preguiça da alma é terrível porque podemos estar bem ocupados sendo grandes preguiçosos. Estar mexendo com o corpo, sendo esportistas, e até trabalhando bastante, no entanto não lidando com este pecado que consome a alma. Toda vez que deixamos de falar algo ou deixamos de nos posicionar diante de uma questão crendo que o silêncio ou o tempo é o melhor remédio a “preguiça” pode estar se apresentando.

Nossa atitude diante de um comportamento imoral, anti-ético, ou mesmo uma mentira, que se estabelece entre amigos no ambiente profissional, escolar ou familiar revela o pecado. Ao deixar uma situação se estabelecer, sabendo do erro, sendo permissivos e passivos diante dela, pecamos. O pecado, ou a preguiça, está em evitar o trabalho para resolver os conflitos ou as conseqüências de se posicionar, quando, pensando em manter os relacionamentos, deixamos de dizer: – Não faça. – Não vá. – Não fale. – Está errado. – É imoral. – É Ilegal. – É mentira.

Nosso desafio é não só dizer a verdade, mas ser verdadeiro. Diligência é a virtude oposta a preguiça. Posicionar-se é não ser preguiçoso, uma questão de diligência.

terça-feira, 20 de abril de 2010

“Isto não é engraçado”

Passei uma semana no México, cheguei ontem e que alegria... Abraçar e beijar a Adriana e as crianças, ouvir as novidades, curtir a família. Quanta saudade deles, e de vocês também, não nos vemos há mais de duas semanas não é mesmo?  

Pois bem, em casa, cedinho, assim que as crianças acordaram num momento antes do café da manhã a Julia (de novo ela nos ensinando) deitada entre nós, Adriana e eu, mostrou com tristeza uma de suas bonecas de pano, a boneca bailarina: – Está sem um olho papai. Falou triste. Não percebendo o momento respondi em tom de brincadeira meio que rindo, ela já é “meio feia” e agora ainda lhe falta um olho. A Julia respirou fundo, com um nó na garganta, abraçou a boneca e falou firme: – Isto não é engraçado papai. Adriana e eu passamos então a amenizar a situação. 

Com isto em mente lembrei de uma história que li num livro. Uma história que tem alguma semelhança com o que vivi em casa.  Não sai se é verdadeira, não tem cara, mas serve pro momento, mais ou menos assim...

Uma garotinha tinha uma coleção de bonecas. Seu pai viajava pelo mundo a negócios e, durante os 10 anos de vida da menina, sempre trazia uma boneca na volta de suas viagens. Em seu quarto havia prateleiras de bonecas de todos os lugares onde seu pai estivera. Possuía bonecas de todos os tamanhos. Bonecas que podiam fazer tudo que é possível a uma boneca: andar, cantar, falar, dançar, etc.
                Um dia, um dos companheiros de negócios de seu pai veio visitá-los. Durante o jantar ele perguntou à menina sobre sua coleção de bonecas. Após o jantar, a menina chamou o homem para mostrar-lhe a coleção. Ele ficou impressionado. Foi apresentado para muitas bonecas. Por fim perguntou para a menina: - Com todas estas bonecas lindas, você deve ter uma que é a sua predileta. Qual é?
                Sem vacilar, a menina foi a uma de suas caixas de brinquedos e começou a puxá-los para fora. De lá tirou uma boneca toda esfarrapada. Imunda. Bem usada.  Na cabeça só uns cachos de cabelo. A roupa já havia desaparecido. Um dos botões, que era um dos olhos, estava pendurado preso por um cordão.  O enchimento vazando pelos cotovelos e pelos joelhos. A menina estendeu a boneca ao homem e disse: - Esta é a minha favorita.
                O homem ficou surpreso e perguntou: - Por que com tantas lindas, justo esta é sua predileta? A menina respondeu: - Se eu não amasse esta boneca, ninguém mais a amaria!

                Ambas as bonecas, a da Julia e a desta menina, não são especiais por sua beleza, estilo ou qualidades.  Pois é dessa mesma forma que Deus nos ama: incondicionalmente; não pelo que fazemos ou temos, Ele nos ama.

Ama imundos, estropiados, vazios. Simplesmente ama.


escrito em 16.04.10