sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Filho

    
"Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?Foi apenas um empréstimo." José Saramago (talvez...)

sábado, 1 de outubro de 2011

O Fruto fora do tempo



Faço parte da diretoria do Expresso Ação. Entre nossos  programas e projetos um deles acontece nas férias de janeiro. Abaixo o relato de uma das histórias vividas  pelo “Marcola” e pelo “Silas”. Leia até o final esta é mais uma daquelas situações onde vemos claramente que “Deus  marca encontros”. Algo para dizer ALELUIA!!
Esta história fará parte de um livro onde estão relatados vários testemunhos e experiências vividas em programas de curto prazo ao redor do mundo. Expresso Ação faz parte de uma Aliança estratégica Internacional com mais de 300 de programas de curto prazo.


O Fruto fora do tempo...

Era Janeiro de 2008, seria um dos projetos mais distantes do Expresso Ação. Estávamos na cidade turística de Foz do Iguaçu, divisa com Argentina e Paraguay em mais um dos programas de férias. Era um grupo jovem, com aproximadamente 40 pessoas de diversas regiões do Brasil, lembro que o calor era intenso e todos estavam muito animados.

Em nosso dia-a-dia tínhamos o devocional todas as manhãs, reuniões de estratégia e mensagem com a equipe, no período da tarde saíamos ás ruas para visitar casas ou fazer alguma ação pública, e a noite fazíamos um culto ou algum momento de celebração aberto á comunidade.

Em determinado dia á tarde, separamos os trios para sair ás ruas e ir de casa em casa, e neste dia fiquei de dupla com o Silas, amigo de São Paulo. Saímos para visitar ás casas num bairro próximo da igreja em que estávamos hospedados e, ao chegar o final da tarde, paramos para conversar com um senhor que estava sentado em uma cadeira de descanso na rua, em baixo de uma árvore, vestido de camisa, chinelos e calça de sarja apenas observando o movimento.
Demos boa tarde, fomos bem recebidos, e ao iniciarmos a conversa perguntei qual era seu nome - ao qual me respondeu: João!

Pedimos por gentileza um copo de água, ele nos trouxe prontamente. Começamos instintivamente uma conversa, querendo conhecer um pouco mais daquele senhor. Ao passo que a conversa se aprofundava, seu João abria seu coração e nos contava sua história.
Imigrante mineiro, Sr. João havia chegado em Foz do Iguaçu ainda moço, quando a cidade ainda era um pequeno municipio. Veio de tão longe para trabalhar na construção daquela que seria futuramente uma das maiores provedoras de energia do Brasil. A Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Ali estava há mais de 30 anos, instalado com sua família,  há 2 anos havia perdido sua esposa.
Havia trabalhado como coordenador de um grupo construtores naquele imenso espaço, sr João era um entre  milhares de pessoas que também trabalharam como pequenas formigas para fazer aquela imensa obra acontecer.

Uma das maiores construções do mundo, o ritmo de obras era intenso, muitos acidentes aconteciam, e neste ínterim levantou sua perna, ergueu a calça e nos mostrou um ferimento horrível na perna. Era um grande buraco em necrose logo abaixo do joelho na perna direita. Contou-nos que um dia, voltando para casa após o expediente, perdeu o último ônibus de retorno à cidade. Decidiu então vir caminhando por uma das estradas da grande obra. A poeira estava alta, a visibilidade muito baixa e neste cenário acabou sendo atropelado por um dos caminhões da obra.

Após o acidente  Sr. João relatou que por duas vezes entrou em coma durante as várias  internações hospitalares, passou por diversas cirurgias, uma de suas internações durou mais de 2 anos. Contou-nos que, por vezes, os médicos pensaram em amputar sua perna. Ficou afastado do serviço, passou dificuldades financeiras, enfim, sua historia havia mudado radicalmente. Disse-nos que há trinta anos vivia uma vida de muita angustia e dor.

Silas e eu ficamos comovidos com aquela história, olhamos um para o outro, tivemos um mesmo discernimento, como que nos comunicando através do olhar, algo quase audível: “Como transmitir a graça que cura e liberta neste ambiente de tanta dor, depressão, de perdas de entes queridos e sofrimento de saúde?”

O  abraçamos e perguntamos se poderíamos orar. Naquele momento sentíamos o coração aquecido com um conforto que não vinha de nós. Ao orar, em um dos instantes durante a oração, o Silas colocou suas mãos sobre o ferimento na perna do Sr. João, e pediu a Deus que aquele homem fosse curado.

Naquela tarde voltamos para a base reflexivos, pensando  na história daquele homem.  Passado alguns dias, ainda durante o projeto, recebemos a noticia de que o ferimento do sr. João havia cicatrizado, o que nunca havia acontecido em 30 anos desde o acidente. Soubemos também que aquele homem, que vivia deprimido, estava  radiante! Sr. João veio em um de nossos cultos, e junto a ele, eu e Silas nos alegramos com o milagre.

Terminou o projeto retornamos para nossas cidades. Muito tempo depois resolvi ir com minha esposa e sua família passear na cidade de Foz do Iguaçu. Neste passeio, resolvemos visitar a igreja que nos acolheu e, qual não foi nossa surpresa ao entrarmos, lá estava o sr. João sentado em uma das fileiras da igreja. Relatou-nos que após nossa ida de volta para casa, começou a freqüentar aquela igreja, se converteu a Cristo, foi batizado e dois dias após seu batismo sofrera dois enfartos, num ambiente descontraído comentou que quase encontrou  pessoalmente com Jesus.  

Terminamos aquele domingo com a certeza que por aquela vida todo o programa de férias já havia valido a pena! Voltamos para casa com o coração cheio de alegria, e com a certeza que Deus, nosso Senhor,  opera milagres.

Em Cristo

Marco Aurélio Lima