terça-feira, 20 de abril de 2010

“Isto não é engraçado”

Passei uma semana no México, cheguei ontem e que alegria... Abraçar e beijar a Adriana e as crianças, ouvir as novidades, curtir a família. Quanta saudade deles, e de vocês também, não nos vemos há mais de duas semanas não é mesmo?  

Pois bem, em casa, cedinho, assim que as crianças acordaram num momento antes do café da manhã a Julia (de novo ela nos ensinando) deitada entre nós, Adriana e eu, mostrou com tristeza uma de suas bonecas de pano, a boneca bailarina: – Está sem um olho papai. Falou triste. Não percebendo o momento respondi em tom de brincadeira meio que rindo, ela já é “meio feia” e agora ainda lhe falta um olho. A Julia respirou fundo, com um nó na garganta, abraçou a boneca e falou firme: – Isto não é engraçado papai. Adriana e eu passamos então a amenizar a situação. 

Com isto em mente lembrei de uma história que li num livro. Uma história que tem alguma semelhança com o que vivi em casa.  Não sai se é verdadeira, não tem cara, mas serve pro momento, mais ou menos assim...

Uma garotinha tinha uma coleção de bonecas. Seu pai viajava pelo mundo a negócios e, durante os 10 anos de vida da menina, sempre trazia uma boneca na volta de suas viagens. Em seu quarto havia prateleiras de bonecas de todos os lugares onde seu pai estivera. Possuía bonecas de todos os tamanhos. Bonecas que podiam fazer tudo que é possível a uma boneca: andar, cantar, falar, dançar, etc.
                Um dia, um dos companheiros de negócios de seu pai veio visitá-los. Durante o jantar ele perguntou à menina sobre sua coleção de bonecas. Após o jantar, a menina chamou o homem para mostrar-lhe a coleção. Ele ficou impressionado. Foi apresentado para muitas bonecas. Por fim perguntou para a menina: - Com todas estas bonecas lindas, você deve ter uma que é a sua predileta. Qual é?
                Sem vacilar, a menina foi a uma de suas caixas de brinquedos e começou a puxá-los para fora. De lá tirou uma boneca toda esfarrapada. Imunda. Bem usada.  Na cabeça só uns cachos de cabelo. A roupa já havia desaparecido. Um dos botões, que era um dos olhos, estava pendurado preso por um cordão.  O enchimento vazando pelos cotovelos e pelos joelhos. A menina estendeu a boneca ao homem e disse: - Esta é a minha favorita.
                O homem ficou surpreso e perguntou: - Por que com tantas lindas, justo esta é sua predileta? A menina respondeu: - Se eu não amasse esta boneca, ninguém mais a amaria!

                Ambas as bonecas, a da Julia e a desta menina, não são especiais por sua beleza, estilo ou qualidades.  Pois é dessa mesma forma que Deus nos ama: incondicionalmente; não pelo que fazemos ou temos, Ele nos ama.

Ama imundos, estropiados, vazios. Simplesmente ama.


escrito em 16.04.10

2 comentários:

  1. nossa, a boneca eh feia mesmo, hein.

    zuera.
    saudade de todos vcs. que bom que vc tem postado, posso senti-los mais perto!
    gostei mto do texto, eh bom lembrar que Deus me ama mesmo me faltando "um olho" :)

    beijo pra vcs

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  2. Amei o post! Quando menos se espera a Julia apronta das suas e nos surpreende! Menina esperta! Sem dúvidas aprendemos mto com esses pequeninos e pequeninas, sempre nos ensinando grandes lições! Hehehe!

    Tentarei vir mais vezes aqui e comentar tbém!

    Bjus p/ toda a família!

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