sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O que vi na Região Serrana do Rio de Janeiro


Sexta feira passada Adriana e eu fomos ao Rio de Janeiro. Iríamos participar em curso para socorro em tragédias que inicialmente seria na cidade do Rio de Janeiro e que foi transferido para Teresópolis. O curso foi em uma igreja que recebia mais de 60 desabrigados e era também um local de triagem e distribuição de donativos, além de servir como alojamento para socorristas e voluntários. Havia ali uma movimentação e trabalhos ininterruptos. Caminhões descarregando e carregando o tempo todo desde cedo, ao sairmos 21H00 ainda havia dois caminhões em frente a igreja. O grupo de serviço era o mesmo, estava trabalhando há mais de 12 horas.

O curso foi muito bom e interessante, outro dia eu conto. Durante o curso fizemos um amigo que, sabendo que procuraríamos um hotel, nos convidou para dormir em sua casa na cidade de Nova Friburgo, uma das regiões que mais sofre com a catástrofe. Na pequena viagem, uns 70 km, de Teresópolis à Nova Friburgo, vimos muita terra, mesmo escuro podíamos ver os sinais da catástrofe.

Na manhã de domingo passado (23/01) após entregarmos, numa igreja Presbiteriana, donativos que levamos daqui de São Paulo, andamos pela cidade... ainda estamos impressionados. Nada do que viram ou leram é exagero, na verdade creio que pela TV não temos a verdadeira dimensão do que foi aquilo. Mesmo sendo já uns 10 dias após a tragédia propriamente dita, as pessoas ainda estavam atordoadas. Não esquecerei aquelas cenas: terra que desceu de praticamente todas as montanhas ao redor da cidade, centenas de árvores arrancadas com raiz e tudo, carros alagados por todos os lados, em qualquer direção que se olhasse se viam casas parcialmente destruídas, tudo coberto por uma grande nuvem de poeira. Muitos corpos jamais serão resgatados.

Fomos a dois abrigos em escolas, conversamos com as pessoas, Adriana ajudou como pôde. Ouvimos Arlene, uma senhora que havia perdido o marido e o neto de 8 anos, ambos soterrados. Sua filha, mãe do menino havia tentado suicidar-se no dia anterior. Uma história de dor que apenas ouvimos.

Vimos muitos voluntários, homens e mulheres, ajudando como podiam, mostrando amor sem palavras... Com enxadas, pás, vassouras e com boa vontade limpando casas, para que desconhecidos tenham de volta um mínimo de conforto. Outros separando roupas e alimentos, carregando e descarregando caminhões. Pessoas de outras regiões do Brasil, que emprestaram seus carros (4x4) para que terceiros dirigissem ajudando os desabrigados e desalojados.

Na maior catástrofe natural da história do Brasil, vi e derramei muitas lágrimas...

Minha oração, a oração da Serenidade:

Concede-me, ó Deus a serenidade para aceitar
O que não posso mudar
Coragem para mudar o que posso,
E sabedoria para sempre perceber a diferença.



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