quarta-feira, 25 de novembro de 2009

HOMOFOBIA E RACISMO

Característica da compaixão
Brennan Manning, O Impostor Que Vive Em Mim, p. 82-84.

A homofobia e o racismo estão entre as questões morais mais sérias e inquietantes desta geração, e tanto a Igreja quanto a sociedade parecem nos limitar a alternativas antagônicas. A moralidade liberal de religiosos e políticos de esquerda é equivalente ao moralismo beato dos religiosos e políticos de direita. A aceitação acrítica de qualquer uma dessas linhas partidárias é uma forma de abdicação idólatra à essência da identidade como filho de Deus. Nem a delicadeza liberal nem a truculência dos conservadores focam a questão da dignidade humana, sempre vestida com farrapos. Os filhos de Deus encontram uma terceira via. São guiados pela Palavra de Deus e apenas por ela. Todos os sistemas religiosos e políticos, tanto de direita quanto de esquerda, são obras de seres humanos. Os filhos de Deus não venderão seu direito à primogenitura por nenhum prato de ensopado, seja ele conservador ou liberal. Eles se apegam a liberdade em Cristo para viver o Evangelho ― não se permitem contaminar pelo lixo cultural, pela imundície política ou pelas hipocrisias enfeitadas de discursos religiosos.

Os que estão inclinados a entregar os gays aos torturadores não podem reivindicar nenhuma autoridade moral sobre os filhos de Deus. Durante o tempo que viveu na terra, Jesus via essas pessoas obscuras como as responsáveis pela corrupção da natureza essencial da religião. Esse tipo de religião restrita e separatista é um lugar isolado, um Éden coberto de mato, uma igreja na qual as pessoas vivem em uma alienação espiritual qua as distancia de seus melhores talentos humanos. Buechner escreveu:

— Sempre soubemos o que estava errado conosco: a maldade, até mesmo no mais civilizado entre nós; nossa falsidade, as máscaras atrás das quais mantemos nossos reais interesses; a inveja, forma pela qual a sorte das outras pessoas pode nos aferroar como vespas; e todo tipo de calúnia, o modo como ridicularizamos uns aos outros, mesmo quando nos amamos. Tudo isso é de uma baixeza e de um absurdo infantis. “Livre-se disso”, diz Pedro. “Cresça na salvação. Em nome de Cristo, cresça.” (Frederich Buechner, The Clown in the Belfry, p.146)

A ordem de Jesus para nos amarmos uns aos outros nunca se limita à nacionalidade, ao status, à etnia, à preferência sexual ou à amabilidade inerente ao “outro”. O outro, aquele que reivindica meu amor, é qualquer um a quem sou capaz de reagir, como ilustra com clareza a parábola do bom samaritano. “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”, perguntou Jesus. A resposta foi: “Aquele que teve misericórdia dele”. Jesus disse: “Vá e faça o mesmo” (cf. Lc 10:36-37, NVI).

— Dê uma olhada na rosa. É possível para ela dizer: “Vou oferecer minha fragrância às pessoas boas e negá-la às más”? Ou dá para imaginar uma lâmpada que retem seus raios luminosos para o ímpio que busca andar em sua luz? Só poderia fazer isso se deixasse de ser lâmpada. E observe o modo inevitável e indiscriminatório pelo qual a árvore fornece sombra a todos, bons e ruins, jovens e velhos, grandes e humildes; os animais, os humanos e a toda criatura vivente, mesmo aquele que procura cortá-la. Esta é a principal característica da compaixão: seu caráter indiscriminado. (Anthony DEMello, The Way to Love, 1991, p. 77)

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